segunda-feira, 9 de junho de 2025

A leitura em voz alta como ferramenta de revisão

Todo tradutor profissional sabe que, antes de entregar uma tradução, é importante fazer uma revisão cuidadosa do texto final. Para isso dispomos de diversas ferramentas que ajudam a garantir a qualidade técnica, a correção linguística e a consistência da tradução, como a função de QA (Quality Assurance) de sua Cat Tool, o assistente de escrita inteligente integrado ao Word, que identifica, entre outras coisas, erros ortográficos, gramaticais, de estilo, de construção, linguagem ofensiva, e ainda, o recurso de leitura em voz alta também disponível no Word, mas que também pode ser encontrado em diversos aplicativos ou plugins de navegador.

Aqui vou falar da última opção, que é também a última etapa do meu processo de revisão: a leitura em voz alta combinada com a leitura visual. Em meu caso, uso o recurso do Word disponível na guia “Revisão”, opção “Ler em Voz Alta”, que permite ainda personalizar a leitura mediante o ajuste de velocidade e a seleção da voz do leitor.



Por que gosto tanto desse recurso? Porque depois de horas trabalhando num texto na tela do computador, nossa mente e visão já estão tão cansadas e familiarizadas com o que está escrito que não conseguem identificar os erros, porque nosso cérebro, sabendo o que deveria estar escrito, completa as lacunas e corrige pequenos erros, enganando nossa visão. E é aí que entra a leitura em voz alta. Ao combinar dois métodos diferentes para processar a informação — leitura visual e leitura auditiva —, conseguimos identificar erros que poderiam passar batidos se utilizássemos somente a visão. Nosso ouvido capta os erros que nossos olhos deixaram passar. Além disso, nossa concentração aumenta ao evitar a distração com ruídos externos e potenciamos nossa percepção da “musicalidade” do texto, o que nos permite identificar cacofonia, isto é, a repetição de sons que provocam eco ou sons desagradáveis resultantes da junção de palavras: “... a boca dela” (cadela); a repetição excessiva de uma palavra, erros de pontuação, trechos truncados ou muito longos e confusos. Ou seja, a leitura em voz alta dispara outros alertas em nosso modo revisor. Eu recomendo usar a voz de um terceiro em lugar da própria voz para evitar as armadilhas de nosso cérebro das quais falamos antes.

Ao revisar uma tradução própria, também é importante deixar o texto “descansar”, procurar uma posição confortável, fazer pausas regulares, diminuir o brilho da tela, aumentar o tamanho da fonte, usar óculos de leitura e trabalhar com iluminação adequada, sem reflexos, num ambiente silencioso e calmo.

Você já utiliza esse recurso para revisar suas traduções? Tem alguma outra dica para revisar uma tradução própria?

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