quinta-feira, 17 de julho de 2014

A "castelhanização" de palavras estrangeiras




O homem sempre teve medo do desconhecido e das coisas que são alheias a seu entendimento, entre elas, o estrangeiro. Tendemos a acolher aquilo que nos é familiar e a rejeitar o que nos é estranho. Como a língua é a expressão do nosso pensamento, ela funciona como um instrumento de identificação e unidade. Identificamo-nos facilmente com os povos que falam nossa língua e sentimo-nos inseguros diante de línguas distantes.

A história nos ensina que uma das principais formas de dominação de um povo sobre o outro se dá através da imposição da língua, isso porque é o modo mais eficiente de impor toda uma cultura e seus valores. O português é uma língua romance, herança de um dos mais poderosos impérios da antiguidade, o Império Romano.

Antes do domínio romano, os gregos já haviam criado o termo “barbaroi” para designar todos os povos cuja língua nada tinha de semelhante com a deles. A origem desse termo se deve ao fato de eles só conseguirem distinguir sílabas como “bar-bar-bar-bar”.

Com o apogeu cultural dos gregos eles representariam uma civilização cujo idioma seria o mais culto e avançado da Europa até a consolidação do latim, que por sua vez herdaria uma multidão de grecismos.

O termo “barbaroi” ganhou um tom pejorativo e além de designar “pessoas que falam de forma estranha” ou “não-gregos”, passou a significar “pessoas incivilizadas, incultas, ignorantes e toscas”.

Os romanos chamaram de bárbaros todos os povos que faziam limite com suas fronteiras, em especial, as tribos germânicas, que finalmente foram responsáveis pela queda do Império Romano de Ocidente com a tomada de Constantinopla em 476. Do mesmo modo, os romanos batizaram os povos do norte da África de “bereberes”, que é uma transliteração da palavra “barbaroi”.

Atualmente, com o advento da globalização, ocorre um fenômeno semelhante com a imposição do inglês como língua dominante. Se por um lado o contato com o estrangeiro contribui para a ampliação do nosso léxico através da apropriação ou adaptação de novos vocábulos, também é verdade que representa um risco para o nosso patrimônio linguístico quando esses termos são incorporados de forma indiscriminada sem o menor critério. 



Nesse ponto, os espanhóis são mais cuidadosos e esmeram-se mais em conservar sua língua. Na maioria das vezes, eles evitam a simples apropriação e preferem a “castelhanização”, que consiste no processo de naturalizar o léxico e a fraseologia de origem estrangeira, uma vez que, com o passar do tempo, a palavra tenha se tornado familiar. Isso ocorreu com muitas palavras de origem árabe, já que a Espanha foi dominada pelos árabes por mais de 700 anos. São exemplos de “castelhanização” a palavra “alcalde”, que provém do árabe “alqádi” egallardo”, que deriva do francês «gaillard».

O DPD (Diccionario Panhispánico de Dudas) adota alguns critérios gerais quanto ao uso de estrangeirismos na língua espanhola:

1. Devem-se censurar os estrangeirismos desnecessários que possuam equivalentes na língua espanhola. Exemplos: abstract (em espanhol, resumen, extracto), back-up (em espanhol, copia de seguridad), consulting (em espanhol, consultora o consultoría).

2. Estrangeirismos necessários ou muito estendidos serão empregados com a aplicação de dois critérios, segundo os casos:

2.1. Mantendo a grafia e a pronúncia originais se se tratar de estrangeirismos estabelecidos no uso internacional em sua forma original, como ballet, blues, jazz ou software. Neste caso, são considerados estrangeirismos crus e é obrigatório escrevê-los com destaque tipográfico (itálico ou aspas) para apontar seu caráter alheio à ortografia do espanhol e justificar sua pronúncia diferente da escrita.

2.2. Adaptação da pronúncia ou da grafia originais. Na maioria das vezes são propostas adaptações cujo principal objetivo é preservar o alto grau de coesão entre a forma gráfica e a pronúncia característico da língua espanhola. Essa adaptação faz-se de duas formas:

a) Mantendo a grafia original, mas com pronúncia espanhola e acentuação gráfica segundo as regras do espanhol. Exemplos: para o galicismo quiche (pronunciado em francês [kísh]), propõe-se o uso da mesma grafia, mas com a pronúncia [kíche]; para o anglicismo airbag (pronunciado em inglês [érbag]), propõe-se a pronúncia [airbág]; ou para master, a grafia com acento agudo máster. Estas formas são consideradas incorporadas ao léxico da língua espanhola e, por tanto, sua entrada aparece no dicionário em letra normal, e não em itálico, como ocorre com os estrangeirismos crus. Esta razão explica que palavras de origem estrangeira como “set” ou “box”, que não apresentam problemas de adequação ao espanhol, sejam registradas no dicionário com letra normal.

b) Mantendo da pronúncia, mas adaptando a forma estrangeira ao sistema gráfico do espanhol. Exemplos: para o anglicismo paddle, a adaptação pádel e, para o galicismo choucroute, a grafia adaptada chucrut.

Alguns exemplos de “castelhanização” encontrados no dicionário da RAE:
Aerobics = Aeróbic o aerobic
Air bag = airbag (pronuncia-se como se escreve)
Antidóping = Antidopaje
Auto-stop = Autoestop
Apart hotel = Apartotel
Bacon = beicon
Baffle = bafle
Baseball = béisbol
Beige = Beis
Bidet = Bidé
Block = Bloc
Blue jeans = Bluyín
Body = Bodi
Boulevard = Bulevar
Boom = Bum
Boomerang = Bumerán
Bouquet = Buqué
By-pass = Baipás
Camping = campin
Capot = Capó
Chalet = Chalé
Champagne = Champán
Carnet = Carné
Chantilly = Chantillí
Cognac = Coñac
Currículum = Currículo
Diskette = Disquete
Folklore = Folclore
Football = fútbol (apesar de existir o termo “balompié”, prevalece a forma mais próxima à original)
Gangster = Gánster
Geyser = Géiser
Glamour = Glamur
Graffito = Grafito
Gas oil = Gasoil
Home run = Jonrón
Hyperlink = Hipervínculo
Jersey = Jersey
Jockey = Yóquey, yoqui
Kippah = Kipá
Knock-out = Nocaut
Limousine = Limusina
Lycra = Licra
Marketing = Mercadotecnía
Manager = Mánager
Master = Máster
Modem = Módem
Nylon = Nailon
Parquet = Parqué
Parking = Parquin
Pay per view = Pago por visión
Penalty = Penalti
Rimmel = Rímel
Sandwich = Sándwich
Sexy = Sexi
Self-service = Autoservicio
Spaghetti = Espagueti
Souvenir = Suvenir
Ski = Esquí
Stadium = estádio
Status = Estatus
Stand = Estand
Standard = Estándar
Stress = Estrés
Tourné = Gira
Whisky = Güisqui
Yoghurt = Yogur
Zapping = Zapeo
Zoom = Zum

domingo, 13 de julho de 2014

Abertura das inscrições para o curso "Para Bem Escrever na Língua Portuguesa", do Professor Carlos Nougué


Caros colegas:
O conhecimento profundo da língua materna é fundamental para nosso desenvolvimento pessoal e profissional.
A partir da zero hora de segunda-feira, 14 de julho de 2014, estarão abertas as inscrições para o curso on-line de 60 horas Para Bem Escrever na Língua Portuguesa, do Professor Carlos Nougué. 
Por um valor muito acessível e com condições de pagamento facilitadas você terá acesso a um curso de excelente qualidade e com toda a praticidade que o formato on-line oferece. 
Não perca essa oportunidade, invista em conhecimento e faça a diferença!
Acesse a página cursos.questoesgramaticais.com.br, e faça já sua inscrição!!!


Questões Gramaticais
Prof. Carlos Nougué
Comunicado no 3 do curso
Para Bem Escrever na Língua Portuguesa,
do Professor Carlos Nougué

• Hoje, ou seja, à zero hora da segunda-feira 14 de julho de 2014, abre-se o período de inscrições para o curso on-line de 60 horas Para Bem Escrever na Língua Portuguesa, do Professor Carlos Nougué. As inscrições devem fazer-se em nosso próprio site cursos.questoesgramaticais.com.br, e o curso terá início no dia 11 de agosto próximo.
• Para informações globais sobre o curso (ementa, metodologia, material para imprimir, biografia do professor, etc.) e sobre tudo o mais que ele oferece (concursos, etc.), ver Curso Para Bem Escrever na Língua Portuguesa. Para vídeos de demonstração, ver Vídeos do Professor.
• Para a resposta às perguntas ou dúvidas mais frequentes, ver FAQ.



quarta-feira, 9 de julho de 2014

Entrevista com o tradutor e legendista Salmer Borges




Salmer Borges nasceu em Petrópolis, Rio de Janeiro. Morou durante cerca de 12 anos em países falantes de espanhol, principalmente, no Equador. Ao voltar ao Brasil, em 2005, estudou Letras na Universidade Metodista de São Paulo, fez uma pós-graduação em Tradução e uma pós-graduação em Interpretação Simultânea, na Universidade Gama Filho. É tradutor e intérprete freelancer com 8 anos de experiência. Suas áreas de especialização são: legendagem, tradução corporativa e interpretação simultânea.



Diana - Traduzir legendas fazia parte de seus planos? Como foi que tudo começou?

Salmer - O meu envolvimento com a tradução, como é o caso de muitos tradutores, ocorreu após eu voltar ao Brasil depois de morar muitos anos no exterior, no meu caso, em países falantes de língua espanhola. A primeira oportunidade de tradução escrita que tive, em 2007, foi em tradução para legendas, quando conheci Bruno Murtinho, da 4Estações, por ocasião dos Jogos Pan-americanos, evento em que trabalhei como intérprete consecutivo; eu trabalhava com espanhol e ele com inglês. Nesse mesmo ano, ele começou a me passar alguns trabalhos. O meu processo de aprendizagem ocorreu na prática. Ele me enviou o manual de legendagem da empresa e me dava muitas dicas sobre como traduzir para legendas. Desde o começo, me senti muito atraído pelo mundo da legendagem, e me dediquei muito para poder oferecer um bom trabalho de legendagem. Como costumo dizer nas minhas aulas de pós-graduação em tradução na matéria Legendagem, "nunca vi ninguém que tenha nascido com o dom da legendagem"; portanto, com estudo e dedicação, todos podem desenvolver as habilidades necessárias para oferecer uma tradução para legendas de acordo com as exigências do mercado.



Diana - Quais são as línguas que você traduz e há quanto tempo é tradutor?

Salmer - Eu traduzo do espanhol para o português e do português para o espanhol. Traduzo profissionalmente há 8 anos.



Diana - Em sua opinião, quais são as principais habilidades que um tradutor de legendas deve ter?

Salmer - Para traduzir para legendas, em primeiro lugar, o tradutor deve ter um conhecimento avançado de ambos os idiomas com os quais vai trabalhar. Além disso, uma excelente compreensão auditiva, uma vez que, nem sempre, o tradutor terá um script ou lista de diálogos à sua disposição. Por outro lado, precisa ter um grande domínio do idioma para o qual traduz e ser muito versátil no que diz respeito às suas estruturas morfossintáticas para ser capaz de lidar com problemas específicos da legendagem, oriundos, basicamente, do fato de que o tradutor para legendas sempre está sujeito a duas variáveis: tempo e espaço.



Diana - Quais foram os principais desafios no início da carreira?

Salmer - Como dizia acima, o tempo e o espaço, ou seja, quantos caracteres você pode usar em função de determinado tempo de fala, são os principais desafios de qualquer tradutor que começa a traduzir para legendas. Você traduz determinado trecho, mas, se ficar longo demais em função do tempo disponível, terá que alterá-lo. Este é o grande desafio, desenvolver a capacidade de passar a mesma mensagem de várias formas, seja transformando uma oração desenvolvida em uma oração reduzida, usando um sinônimo com menos caracteres, tirando o vocativo, transformando locuções adverbiais em advérbios, etc. É preciso levar em conta que nem sempre uma boa tradução é uma boa legenda. Você pode traduzir muito bem determinado trecho, porém, se essa tradução não estiver dentro da relação de caracteres por segundo padrão, que é de cerca de 12, não será uma boa legenda.  




Diana - De que você mais gosta em seu trabalho?

Salmer - Como trabalho muito para festivais de cinema, tenho acesso a filmes e documentários que não entram no circuito comercial. Gosto muito de documentários, embora sejam umas das traduções mais difíceis de fazer, e cinema latino-americano. Mesmo que traduzir para legendas não seja aquele mar de rosas que muitos pensam, porque acham que passamos a vida vendo filmes e ganhando dinheiro com isso, gosto muito de trabalhar com a imagem. Em alguns casos, você se diverte; em outros, se descabela; em tantos outros, xinga seu traduzido, mas é um trabalho de que gosto muito.




Diana - E de que menos gosta?

Salmer - No começo, odiava marcar, ou seja, após traduzir, definir os tempos de entrada e saída das legendas na tela, algo que todo tradutor para legendas deve fazer, e fazer bem, o que exige bastante prática até conseguir sincronizar bem todas as legendas. A velocidade das falas e a sobreposição de falas são os eternos obstáculos que o legendista ou legendador deve superar constantemente. 



Diana - Porque os espectadores, de modo geral, costumam implicar tanto com a tradução de legendas?

Salmer - Em primeiro lugar, as legendas são feitas para quem não entende o idioma original. Se você entende, não precisa de legendas. As legendas não são feitas para serem comparadas com o original, e sim para que aquele que não entende o idioma original possa entender a obra.

Porém, muitas vezes, pessoas que entendem, ou acham que entendem, o idioma original da obra audiovisual, comparam o áudio com as legendas, e identificam "erros". Essa percepção pode se dever a vários fatores:
  1. Realmente é um erro de tradução, o que acredito que seja o menos comum.
  2. É padrão do canal. A personagem diz "hijo de puta", e a legenda diz "desgraçado". É impossível que isso seja um erro de tradução, e sim uma exigência do padrão. Alguns canais vetam o uso de palavrões, palavras que possam ofender determinado grupo de pessoas, etc.
  3. "A personagem diz uma coisa, e a legenda diz outra."



Para mim, é o que mais costuma causar essa percepção de "erro". Os tradutores para legendas, como dito acima, estão o tempo todo sujeitos ao tempo e ao espaço; portanto, precisam, muitas vezes, sintetizar as orações, e isso pode causar uma percepção de que a personagem diz uma coisa, e a legenda diz outra. Não traduzimos palavras, e sim ideias. Se as palavras que usamos para transmitir as ideias se equivalem, não se pode dizer que a legenda está "errada". Não existe uma única tradução certa para uma legenda. É possível encontrar varias traduções para um mesmo filme, com certeza, com palavras e orações diferentes, mas, possivelmente, a maioria delas certas.



Diana - Qual foi o trabalho que você mais gostou de fazer e por quê?

Salmer - Já fiz muitos trabalhos de legendagem; portanto, não me lembro de todos os trabalhos que fiz. No nosso trabalho diário, você faz uma tradução, a revisa, manda e parte para outra. Às vezes, vejo um filme e digo: "acho que legendei esse filme". Já aconteceu, inclusive, de procurar nos meus arquivos para ver se traduzi ou não tal filme. Nota: um mesmo filme pode ter muitas legendas diferentes. Eu já traduzi vários filmes de Almodóvar, que, obviamente, em se tratando de filmes nos anos 1990, por exemplo, já têm traduções, mas as legendas possuem direitos autorais, que, normalmente, o tradutor cede à produtora quando entrega o filme. Portanto, se o canal que quiser exibir um filme não possuir um arquivo de legendas para esse filme, precisará pedir sua tradução.

Mas, respondendo à pergunta, recentemente traduzi um filme de que sempre gostei, e adorei que tenham me pedido para legendá-lo: "El Hijo de la Novia". Esse filme é uma obra-prima do cinema argentino.



Diana - Como é sua rotina de trabalho, o seu dia a dia?

Salmer - Como trabalho em casa, assim como quase todos os tradutores, precisamos ter muita disciplina, senão nunca terminaremos nosso trabalho! Costumo trabalhar cerca de 9 horas por dia. Tento não trabalhar mais do que isso para não virar um "escravo" do trabalho. Acordo por volta das 7h40 e faço o que todo mundo faz; depois, dou uma olhada nos e-mails. Se tiver alguma revisão para fazer, procuro fazer logo cedo, com a cuca fresca. Trabalho até mais ou menos 12h45, depois almoço e tento deitar uns 20 minutos, dizem que isso é ótimo para a saúde, e quem sou eu para contestar?! Depois trabalho de 13h30, 13h45 até umas 19h, quando minha esposa chega, e tento não trabalhar depois disso. Quase sempre consigo, mas isso só é possível se você trabalhar com muita disciplina e constância durante o dia. 



Diana - Quais são os seus passatempos quando não está traduzindo?

Salmer - Eu adoro fotografia, sempre que posso, dou uns cliques e leio sobre fotografia. Também gosto de levar uma vida tranquila com minha mulher e meu cachorro. Minha esposa adora cozinhar, então aproveitamos esses momentos para conversar e tomar um vinho, enfim, desfrutar das coisas simples da vida. Fora isso, gosto muito de viajar. Pelo menos uma vez por ano, tento tirar umas boas férias, o que acho fundamental.



Diana - Lembra-se de alguma anedota ou gafe que possa compartilhar?

Salmer - Eu morei muitos anos, cerca de 12, em países falantes de espanhol. Durante esse tempo, convivi essencialmente com o espanhol e praticamente só escrevia em espanhol. Logo que voltei, comecei a traduzir para o português, e cometia bastantes erros de ortografia com palavras similares ou iguais. Frequentemente, escrevia "por tanto", "em fim" e palavras assim em português. Então percebi que precisava estudar português, dediquei-me, e hoje dá pro gasto! Aqui vai uma dica: muitas vezes, as pessoas começam a traduzir porque falam um idioma estrangeiro, na maioria das vezes, porque moraram fora, o que, muitas vezes, dependendo do tempo em que moram fora e como levam a vida no exterior, se em contato ou não com seu idioma natal, faz com que você "esqueça" um pouco o seu próprio idioma ou fique um pouco "contaminado" pelo estrangeiro. Por tanto, ops, portanto, quem pretende traduzir precisa conhecer muito o idioma de chegada, ou seja, para o qual vai traduzir, e não só aquele que aprendeu durante os muitos anos em que morou fora. E isso é muito comum.



Diana - O que ainda gostaria de fazer como tradutor?

Salmer - Não faço só legendagem, também faço tradução "escrita" (legendagem também é escrita, mas costumam chamá-la assim) para empresas, que também gosto muito. Também faço interpretação simultânea, área em que ainda estou crescendo no mercado. Nunca traduzi literatura, e me atrai bastante. Gostaria de ter essa experiência no futuro, mas não agora. Talvez na velhice, quando não tiver mais coordenação para marcar os filmes que traduzo ou não conseguir escutar o que dizem!



Diana - Poderia deixar uma dica para os tradutores principiantes que se interessem pela legendagem?

Salmer - Primeiro, devem fazer um curso de legendagem. Há alguns no mercado. Depois, muita prática e encher o saco das produtoras até conseguir fazer um teste, mas esteja preparado.



Alguns filmes legendados para o português:

Carancho, El Aura, Todo Sobre mi Madre, El Traspatio, Elefante Blanco, Hidalgo, la Historia Jamás Contada, La Mala Educación, La Nana, Las Caras del Diablo, Los Colores de la Montaña, Bolero de Noche, Cansada de Besar Sapos, Música Nocturna, Nicotina, Sin Otoño, Sin Primavera, Solo Dios Sabe, Mientras Duermes, Che, Tesis sobre un Homicidio, Caleuche, Kamchatka, Los Ojos de Julia, Puerta de Hierro, Todos Tenemos un Plan, El Hijo de la Novia, Las Montañas Invisibles, programa Sangue Latino, série Punta Escarlata, novela La Reina del Sur, série Pablo Escobar, el Patrón del Mal.



Alguns filmes legendados para o espanhol:

De Pernas para o Ar, Bruna Surfistinha, Julio Sumiu, A Busca, Dossiê Jango, Jorge Mautner, o Filho do Holocausto, Amor, Plástico e Barulho, Duas Pátrias, Confissões de Adolescente, Dois Amores, Primeiro Dia de Um Ano Qualquer, Tarja Branca, Rock Brasília, Outro Olhar, SOS Mulheres ao Mar, documentário Noel Rosa, programa Mobilização.


Contato: salmerborges@gmail.com

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Tradux: De las abejas y los padres aka

Tradux: De las abejas y los padres aka: Dicen que las abejas desaparecen. Y es asunto que preocupa. Mucho. Einstein dijo en una ocasión que el día que desaparecieran las ab...

Usos idiomáticos do infinitivo em espanhol







AL + infinitivo

Expressão temporal usada para indicar que a ação expressa pelo infinitivo ocorre ao mesmo tempo que a ação expressa pelo verbo principal.

Al salir de casa comenzó a llover.

Todos se quedaron contentos al saber el resultado del partido.



CON + infinitivo

Possui um valor concessivo/condicional, equivalente a  aunque o si.

Considera que con asistir a la reunión ya estás involucrado en el proyecto.

Con llorar no vas a conseguir nada.



DE + infinitivo

Possui um valor condicional, equivalente a Si + verbo no indicativo ou no subjuntivo.

De tener unos días libres, viajaré a ver a mi familia (= Si tuviera unos días libres, viajaría a ver a mi familia).

De saberlo, te lo diría (= Si lo supiera, te lo diría).



POR + infinitivo

Possui um valor causal, equivalente a porque / puesto que / como + verbo no indicativo.

Cierran el colegio por faltar medidas de seguridad.

El niño fue suspendido por llevar una pistola de agua.



Também indica uma ação a ser realizada:

Estas son las cuentas por pagar.

Aún tenemos mucho camino por recorrer.



O infinitivo em instruções ou perguntas

Usa-se com frequência o infinito como equivalente de imperativo em instruções, placas ou em perguntas de anúncios publicitários para dar um caráter de impessoalidade ao texto.

Pelar las manzanas y cortarlas en rodajas.

No tomar estas pastillas con el estómago vacío.

No molestar.

¿Por qué no dejar que nos ocupemos de ello?



A + infinitivo

Possui um valor imperativo.

Ahora, ¡a estudiar!

¡A divertirse!

¡A callar!



Uso recriminatório do infinitivo composto

O falante pode usar o infinitivo composto para recriminar o ouvinte por não ter feito algo que deveria ter feito.

- Preferiría ir a un restaurante chino.

- ¡Pues haberlo dicho antes!



Usos incorretos:



Quando se usa o infinitivo para substituir a segunda pessoa do plural do imperativo: *¡Callar! (em lugar de ¡callaos!)





O infinitivo de generalização por omissão de um verbo de intenção ou de um verbo em forma pessoal: *Ante todo, pedirles que no se retrasen para la reunión.

*Recordarles por último que recojan sus objetos personales.

*Insistir que se mantengan atentos.



Quando se usa a construção a + infinitivo, o que constitui um galicismo: asuntos a tratar, temas a debatir, tareas a realizar, etc. Entretanto, há alguns casos em que essa construção é aceita:



A RAE considera que no âmbito da economia já estão consolidadas expressões como cantidad a ingresar e cantidad a deducir. Ocorre o mesmo na área administrativa e no jornalismo com expressões como temas a tratar, problemas a resolver, ejemplo a seguir, etc. A RAE adverte que em espanhol só são aceitáveis em alguns casos, por isso, recomenda atender as seguintes orientações:



a) Se a preposição admitir substituição pelas preposições por o para, ou pelo relativo que, sem que seja necessário mudar a estrutura da construção e sem que mude o significado, deve-se descartar a construção com a preposição “a”: *Tenemos dos asuntos a tratar (preferível: Tenemos dos asuntos que tratar); *No hay más asuntos a discutir (preferível: No hay más asuntos que/por/para discutir).

A respeito do uso de “por” no lugar de “a”, é necessário entender que eles tem alguns aspectos diferentes, em algumas ocasiões não significam a mesma coisa. Há uma pequena diferença em dizer “cantidad por pagar que “cantidad a pagar”: no primeiro caso entende-se que uma parte já foi paga, mas ainda falta pagar o restante, já no segundo caso, entende-se simplesmente “quantidade que deve ser paga”.


b) O verbo no infinitivo deve ser transitivo, pois em tais construções o infinitivo tem valor passivo; portanto, não são admissíveis orações como: *El lugar a comer será el restaurante mexicano. (pois não se diz comer un lugar, mas en un lugar); *La cuestión a hablar en la reunión es muy importante (pois não se diz hablar una cuestión, mas de o sobre una cuestión).


c) O infinitivo deve estar na forma ativa, pois os infinitivos destas construções já têm valor passivo: El tema a ser tratado presenta dificultades (correcto: El tema a tratar).


d) São comuns estas construções com substantivos abstratos como asunto, tema, ejemplo, cuestión, aspecto, punto, cantidad, problema e outros similares, e com verbos do tipo de realizar (evita-se hacer por razões de cacofonia com a preposição a: *tareas a hacer), ejecutar, tratar, comentar, dilucidar, resolver, tener en cuenta, considerar, ingresar, deducir, desgravar, descontar, etc. Mas não devem estender-se a outro tipo de enunciados, com outros verbos em infinitivo e com substantivos que não sejam abstratos: *Los ladrillos a poner están en la furgoneta; *Los libros a leer se encuentran en la mesa.


e) Em muitos casos, o uso desta construção é supérfluo e deve ser evitado; assim, numa oração como *Juan es un ejemplo a seguir para todos nosotros, a sequência de infinitivo a seguir é prescindível: Juan es un ejemplo para todos nosotros.



* As frases marcadas com asterisco constituem usos errôneos.