quarta-feira, 30 de maio de 2018

"Palavras-cilada" no par espanhol-português



Hoje vamos ver umas palavras em espanhol que significam a mesma coisa em português, porém com uma leve alteração na grafia, dando a impressão de ser português falado errado. É claro que os hispanófonos têm a mesma visão, só que eles acham que o português é que parece espanhol falado errado.

Não estou falando de falsos amigos, mas de palavras que na língua meta seriam consideradas clássicos erros de ortografia, vamos chamá-las de “palavras-cilada” porque é isso que elas são, uma armadilha para a qual devemos estar sempre alerta.



Na coluna da esquerda a palavra em português e, na da direita, sua correspondente em espanhol:

Pergunta = pregunta
Crosta = costra
Crocodilo = cocodrilo
Padrasto = padrastro
Madrasta = madrastra
Orquestra = orquesta
Financeiro = financiero
Prejuízo = perjuicio
Próprio = propio
Proprietário = propietario
Rasto = rastro
Rosto = rostro
Demonstrar = demostrar
Monstro = monstruo
Girafa = jirafa
Desumano = deshumano
Reabilitar = rehabilitar
Úmido = húmedo
Aparência = apariencia
Palavra = palabra
Livro = libro
Harmonia = armonía
Inchar = hinchar
Ombro = hombro

Se você gostou deste artigo, então provavelmente gostará também do texto abaixo, que fala sobre o "portunhol"

terça-feira, 29 de maio de 2018

Expressão idiomática "Estar pez en algo"


A expressão idiomática espanhola estar pez en algo significa não ter conhecimentos sobre alguma coisa ou sobre um assunto determinado.

Ex.: Yo de francés sé algo, pero en inglés estoy pez.

Assim, se alguém diz: “Estoy pez en la natación”, não significa que a pessoa saiba nadar como um peixe, pelo contrário, significa que nada como um prego, ou seja, que não sabe nadar.

A origem desta expressão estaria na crença de que o peixe seria pouco inteligente. Digo crença, porque navegando pela rede, achei uns artigos em que cientistas afirmam que os peixes são mais inteligentes que os primatas, e outros que dizem que os peixes podem ser maquiavélicos. Ôxe, por essa eu não esperava... Mas não venham me falar da inteligência dos golfinhos, que esses não são peixes, são mamíferos. Esses são "cabeça"!

No Brasil, quando não temos conhecimento de alguma coisa ou não entendemos algo, podemos dizer “estou boiando” o que não deixa de lembrar nossos amigos aquáticos.

Aliás, desculpem o trocadilho, mas os peixes são “pêxe”, isto é, são nossos chegados, nossos camaradas. É isso aí, uma gíria puxa outra... caiu na rede é peixe! 


Ah, sim, um peixe também pode ser uma nota de cem reais em referência à gravura no reverso de uma Epinephelus marginatus — vulgo garoupa —, peixe marinho da família dos serranídeos, e um dos mais conhecidos das costas brasileiras.

Cabe lembrar que "estar pez en algo" é uma expressão local, da Espanha, além disso, é linguagem coloquial, dificilmente você a encontrará na imprensa, mas sim em foros de dúvidas, em situações do tipo: "estoy pez en javascript"; "me dedico a vender ropa de trabajo y estoy pez en legislación"; "me gustaría jugar con más gente, pero estoy pez en este tipo de juegos"; "Agradezco que contéis conmigo, pero estoy pez en materia de plantillas"; etc.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Quanto vale seu trabalho?

Não vamos falar aqui simplesmente de valores monetários, de orçamento: quantos centavos por palavra custa uma tradução. Esqueçamos um pouco o dinheiro e vamos falar de valor num sentido mais amplo.

O que atribui valor a uma tradução?

Seria a produtividade, a capacidade de traduzir o maior número de palavras no mínimo intervalo de tempo?  

Não necessariamente, já que é possível traduzir mil palavras em uma hora e o resultado ser tão espantoso que nem o próprio São Jerônimo, com a ajuda de Lutero e Nostradamus, conseguiria decifrar.

Então seria o domínio das duas línguas?

O domínio das duas línguas é fundamental, sim, mas também não garante a qualidade da tradução. Assim como o fato de alguém dominar profundamente o português não garante que ele possa tornar-se um escritor. Para traduzir com qualidade, não basta o perfeito domínio de duas línguas, além de produzir um texto inteligível, é preciso o tal do “feeling”, no sentido de sensibilidade, intuição, capacidade de percepção: o resultado deve ser um texto fluido e natural, que reproduza os efeitos do texto original.

Enfim, para negociar um bom preço, é preciso oferecer valor. E isso envolve empenho, habilidade e especialização. O que foi questionado acima é fundamental: produtividade e domínio das duas línguas, mas não é o suficiente para garantir a qualidade. É prezando a qualidade que se agrega valor ao trabalho e se conquista o cliente.

E, para concluir, um pequeno texto para refletir sobre o binômio preço-valor:

Numa fábrica, um aparelho complexo se avaria. Vêm os melhores técnicos, trabalham dias inteiros, com toda a espécie de sofisticadas ferramentas, mas não conseguem fazê-lo funcionar. Finalmente, chega um velho com uma malinha. Tira de dentro dela um simples martelo, dá uma pequena pancada na engrenagem do aparelho e ele entra em funcionamento. O velho pede um milhão de dólares por seus serviços. Os fabricantes reclamam:
— Como é possível? O senhor tem a ousadia de pedir um milhão de dólares por uma única martelada!
— Não — responde o ancião —, a martelada custa um dólar. Os estudos que tive que fazer para poder dá-la com bons resultados custam um milhão.

Alejandro Jodorowsky, em seu livro A dança da realidade.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

En memoria de mi tía Diana

En memoria de Diana, mi tía, madrina y tocaya, para siempre en nuestro corazón y pensamiento:





«El amor no tiene cura, pero es la cura para todos los males».

Leonard Cohen


Extraído de una dedicatoria que le dejó a una alumna suya del instituto en que impartía clases de Historia.

Algunos maestros enseñan Historia, otros hacen historia.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Quase a mesma coisa... só que não!

(Clique na imagem para ampliá-la)

Aqui no Brasil usamos uma única palavra, expectativa, para:

1)  Descrever a situação de quem espera a ocorrência de algo (ex.: É grande expectativa ante a chegada do papa).
2) Referir-nos à esperança ou ao desejo de que algo aconteça (ex.: Melhoram as expectativas financeiras para 2018).

Já na Espanha, usamos dois termos diferentes: expectación, para a primeira situação; e expectativa, para a segunda.

Vejamos os exemplos:

Es imposible hacer oídos sordos ante la expectación que se vive por otra Boda Real en Londres. (espera, geralmente tensa, por um acontecimento).

El plan no puede cumplir todas las expectativas (esperanças, desejos).

Fonte: Fundéu