quarta-feira, 27 de julho de 2016

Análise contrastiva do uso locução "antes que" PT<>ES


Em português, a locução “antes que” introduz uma oração adverbial cujo verbo está no modo subjuntivo “antes que partíssemos”; “antes que ela pedisse”, “antes que seja tarde”. A locução “antes de que” em português é um desvio, porque constitui um dequeísmo — emprego da preposição "de" diante da conjunção "que" em contextos que não exigem essa preposição. 

Por outro lado, podemos usar a expressão “antes de”, sem a conjunção "que", diante de expressões nominais “antes da chegada”, “antes da despedida”, ou ainda, diante de orações adverbiais de infinitivo (flexionado e não flexionado) “antes de chegar”, “antes de chegarmos”, “antes de partir”, “antes de partires”, etc.

Em espanhol, por sua vez, o uso da preposição ‘de’ diante da conjunção ‘que’ na locução “antes de que”, já foi censurado pelos gramáticos, mas atualmente é perfeitamente admitida, e eu diria inclusive que se tornou a forma majoritariamente empregada. Ou seja, diferentemente do português, em espanhol, as duas construções são gramaticalmente corretas: tanto “antes que” quanto “antes de que”.

Na mídia, observa-se certa hesitação ao empregar estas construções: “La Junta está dando a conocer los despidos antes de que se negocien” ou “La información privilegiada le habría permitido vender las acciones antes que se desatara la crisis”. Ambas construções são corretas.

Em espanhol, somente não se admite a preposição ‘de’ na locução ‘antes que’ quando esta construção denota preferência “Prefiero morir antes que rendirme”. Nesse caso só é possível a forma “antes que”.

Da mesma forma que em português, também se utiliza a locução “antes de” sem a conjunção "que" diante de formas nominais “antes del recreo”, “antes de la comida”, ou diante de verbos no infinitivo “antes de desayunar”, “antes de regresar”, etc. 

Assim, ao traduzir a locução "antes de que" do espanhol para o português, devemos usar a única forma admitida na língua-alvo, "antes que". 

terça-feira, 19 de julho de 2016

Píldoras de español: no se dice "traducí", sino "traduje"!


Los verbos terminados em –ducir, tales como traducir, conducir, deducir, inducir, introducir, producir, reducir, reproducir, seducir, etc. son verbos irregulares que pertenecen al Grupo IV y que sufren las siguientes modificaciones.

1) intercalan una  ‘z’ ante la ‘c’ final en la primera persona del singular del presente de indicativo y en todo el presente de subjuntivo.

1ª Persona del singular del presente de indicativo: yo traduzco

Todas las personas del presente de subjuntivo: traduzca, traduzcas, traduzca, traduzcamos, traduzcáis, traduzcan.

2ª persona del singular y 3ª persona del plural del imperativo: traduzca (usted), traduzcan (ustedes)

2) En pretérito indefinido y en pretérito imperfecto de subjuntivo,  todos los verbos terminados en -ducir cambian c por j = duj. La primera y la tercera personas del singular del pretérito indefinido acaban en y en o, inacentuadas, respectivamente.

Todas las personas del pretérito indefinido: traduje, tradujiste, tradujo, tradujimos, tradujisteis, tradujeron*.

*Observación: en la 3ª persona del singular ocurre la pérdida de una vocal (síncopa); traduj[i]eron, conduj[i]eron, produj[i]eron, seduj[i]eron, reduj[i]eron.

Todas las personas del imperfecto de subjuntivo: tradujera o tradujese, tradujeras o tradujeses, tradujéramos o tradujésemos, tradujerais o tradujeseis, tradujeran o tradujesen.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Entrevista com a tradutora Laila Rezende Compan


Laila Compan nasceu no Rio de Janeiro, é graduada em Pedagogia pela UFRJ e pós-graduada em Tradução de Espanhol pela Universidade Estácio de Sá. É tradutora especializada em Tradução Audiovisual (tradução para dublagem e legendagem) e atua também com as áreas de marketing, educação, negócios e finanças, corporativa e comercial.

Diana – Olá, Laila, primeiramente muito obrigada por concordar em dar a entrevista, é um prazer tê-la aqui no blog! Para começar, conte-nos um pouco sobre como você se tornou uma tradutora profissional?
Laila Compan – Diana, obrigada pelo convite!
Quando estava terminando o curso de espanhol tive a oportunidade de fazer a minha primeira tradução, mas só comecei a me dedicar de fato à profissão em 2013, quando pedi demissão do emprego para fazer o que eu realmente queria: traduzir. Já tinha feito alguns cursos antes, mas não me sentia segura e não divulgava o meu trabalho. Quando deixei o medo de lado e comecei a fazer o meu marketing, os trabalhos começaram a chegar.

Diana – Em seu blog, “Tradutor Iniciante”, você oferece dicas e suporte aos tradutores que estão em início de carreira. Por favor, explique a importância de profissionalizar-se àqueles que ainda pensam que a tradução pode ser encarada como um “bico”.
Laila Compan – Sem dúvida a profissionalização é algo essencial, não apenas para quem quer ser tradutor, como para qualquer outra carreira. Ao se profissionalizar você aprende técnicas para realizar um trabalho com mais qualidade e em menos tempo. Muitos pensam que traduzir é apenas passar palavras de um idioma para o outro, quando na verdade a tradução vai muito além desse pensamento simplista. Do mesmo jeito que construir uma casa não é apenas colocar um tijolo sobre o outro, traduzir não é apenas passar palavras de uma língua para outra. A profissionalização mostra que você leva aquele trabalho a sério e te capacita para ter cada vez mais sucesso.

Diana – Como foi a experiência de criar vídeos para publicar no Youtube, quais as principais dificuldades que você encontrou, e de onde vem toda essa desenvoltura? Parece tudo tão espontâneo e natural, mas certamente deve dar muito trabalho...
Laila Compan – A cada vídeo que faço é uma experiência diferente justamente por não ser algo tão simples. Sempre preparo um roteiro com o conteúdo do vídeo, avisos, e tal. Sou uma pessoa que se preocupa muito com a qualidade das coisas que faço, mas ao mesmo tempo não espero a perfeição para começar. No início usava apenas a câmera do celular, depois baixei um app grátis para usar como microfone e melhorar o áudio. Tive e ainda tenho algumas dificuldades por falta de tripé, iluminação, mas vou tentando umas gambiarras para conseguir fazer vídeos com qualidade. Agora, a desenvoltura eu não sei de onde vem... rs Sou muito tímida, mas com o tempo acho que a gente vai se acostumando. Quando vejo um dos primeiros vídeos que publiquei e um mais recente, morro de vergonha da pessoa travadinha dando dicas... rs

Diana – Fale-nos um pouquinho sobre sua recente participação no Congresso da Abrates.
Laila Compan – Essa experiência com certeza vai ficar para a história! Apesar de ter confiança no tema, eu estava muito preocupada e tensa. Quando entrei na sala e vi que estava lotada, e que muita gente não era iniciante e tinha muito mais tempo de profissão do que eu, confesso que o nervosismo aumentou! rs Mas foi uma experiência ótima e que, além de me ajudar a aumentar a minha rede de contato, me abriu algumas portas.


Diana – Quais as vantagens que a participação nesse tipo de eventos proporciona a tradutores e aprendizes de tradução?
Laila Compan – As pessoas geralmente pensam primeiramente no networking, mas mais do que isso, quando participamos de eventos assim aprendemos muito, reforçamos o conhecimento e saímos cheios de insights. Não tem como participar de eventos assim e sair sem nenhuma ideia para colocar em prática.


Diana – O que os leitores podem esperar de seu livro “Tradutor Iniciante”?
Laila Compan – O meu livro é bem voltado para quem está no comecinho da carreira, ou para quem está pesquisando sobre a profissão. As dicas que dou no livro são dicas básicas para quem já está no mercado, mas são as maiores dúvidas de quem está começando. E um detalhe importante de ressaltar é que o conteúdo do livro é diferente do conteúdo dos vídeos e do blog.

Diana – Como você se organiza para dar conta de tantas atividades: blog, livro, vídeos, consultoria, aulas... Ainda sobra tempo para traduzir? ;-)
Laila Compan – Tenho que organizar muito bem o meu dia para conseguir dar conta de tudo. Quando escrevi o livro eu não gravava vídeos, o que me dava mais tempo para escrever. Mas hoje, mesmo com todas essas atividades que você mencionou, ainda estou preparando uma mega novidade que muito provavelmente vou contar quando chegar aos 1000 inscritos no youtube. E sim, sobra tempo para traduzir, ou melhor, eu consigo tempo para fazer as outras coisas, porque a tradução às vezes me envolve tanto que não quero parar nem para comer... rs

Diana - Você considera fundamental o networking e o uso de tecnologias na vida do tradutor? De que forma essas ferramentas contribuem para seu trabalho?
Laila Compan – Com certeza! O networking é essencial para conseguir trabalho, para dividir trabalho, para aprender com a experiência do colega. E quando falo em networking me refiro não apenas entre tradutores, mas entre profissionais de diversas áreas. Quanto à tecnologia, só posso dizer que adoro! A tecnologia facilita a nossa vida pessoal e profissional. Às vezes me pego pensando em como deveria ser a vida dos tradutores antigamente, mas nem consigo imaginar. Não sou dependente de tecnologia, mas se ela está aqui para me ajudar, vou aproveitar! A Internet, as CATs, dicionários digitais, além de ajudar a encontrar o que precisamos mais rapidamente, ajudam também a manter a tradução padronizada.

Diana – De que você mais gosta em sua profissão e o que ainda gostaria de fazer?
Laila Compan – Amo a liberdade que tenho, o fato de estar sempre aprendendo algo novo, de estar em contato com o espanhol, já que amo esse idioma. Uma das coisas que ainda gostaria de fazer, por incrível que pareça, é trabalhar in house. Muita gente me diz que não vale a pena, que vou ganhar menos, mas gostaria de ter essa experiência. Outra coisa que ainda gostaria de fazer é trabalhar com interpretação, mas para isso ainda preciso estudar bastante.

Diana – Para finalizar, quais são suas principais recomendações àqueles que estão iniciando a carreira?
Laila Compan – O que eu recomendo para quem está começando a carreira agora é estudar, pesquisar e praticar muito! É preciso estar atento porque a língua é algo vivo e sofre constantes mudanças, e nós precisamos acompanhar essas mudanças para fazer um bom trabalho. Outra recomendação que dou, e que inclusive está no livro, é para divulgar o seu trabalho. Não seja um tradutor 007. Todas as pessoas que estão ao seu redor têm que saber que você é tradutor.



Para receber mais dicas é só acessar os links abaixo:

Snapchat: rezendelaila
e-mail: contato@tradutoriniciante.com.br
Livro: http://www.clubedeautores.com.br/book/191212--Tradutor_Iniciante?topic=guiasdeestudo#.V4ZsVbgrLIU

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Conectivos do discurso em espanhol

https://lenguajeyotrasluces.wordpress.com/

Os conectores são um recurso fundamental do discurso, já que servem para vincular semântica e logicamente palavras e ideias; por tanto, para expressar-nos com clareza, devemos usar os conectores adequados.

Como a lista de conectores é muito extensa, abordarei aqui alguns dos mais frequentes na língua espanhola.

Para indicar prioridade
Antes de nada/Antes de todo/Para empezar – servem para organizar o discurso, indicar prioridade, equivale a “primeiramente”, “em primeiro lugar”, “antes de tudo” e “para começar”.
Antes de nada quiero contarles la novedad: voy a ser padre.
Antes de todo me gustaría advertirle que le he recibido por mera curiosidad.
Para empezar, dime todo lo que necesitas.

Para indicar importância
Ante todo, antes que nada – indica importância, equivale a “acima de tudo”, “principalmente”.
Con niños, ante todo, hay que tener paciencia.

Sobre todo – escreve-se separado e equivale a “principalmente”.
Estudia bastante para los exámenes, sobre todo para el de matemáticas.

Para indicar continuidade
A continuación, luego – equivalem a “a seguir”, “depois”.
Prepara tu comida y, a continuación, arregla tu habitación.
Hablaremos con el vecino y luego veremos qué hacer.

Para introducir um assunto
Acerca de – equivale a “sobre”.
Este libro es un relato acerca de la Segunda Guerra Mundial.

Con relación a/En relación con/con respecto a – equivalem a “com respeito a”, “sobre”, “no que se referente a”
En relación con la población activa, 1 de cada 7 empleos tiene que ver con las administraciones públicas.
Con relación a la educación, se necesitan muchas reformas.
No tengo nada que declarar con respecto a las acusaciones acerca de corrupción.

Por lo que se refiere a/en lo que respecta – equivale a “no que se refere a”, “no que diz respeito a”, “no tocante a”.
Por lo que se refiere a mi afiliación al partido, estoy aquí actuando em mi calidad de 
Presidente.
En lo que respecta a mi decisión, no acepto intervenciones.

En cuanto a – equivale a “quanto a”, “no tocante a”
En cuanto a la situación política, prefiero no opinar.

Para adicionar ideias
Además - equivale a “além de”, “além disso”, também.
Además de profesor de lengua, es traductor
¿Además de mis obligaciones habituales, me tengo que encargar de este trabajo?
La población carece de muchas cosas, además de educación.
La computadora no funciona, y además, no tenemos conexión.

Asimismo – indica igualdade ou conformidade, equivale a “mesmo”, “também”
Me insultó asimismo cuando tenía la razón. (conformidade, no sentido de “mesmo”, “ainda”)
A la reunión comparecieron todos los profesores, asimismo los padres y alumnos. (igualdade)

También/aun (sem acento) – equivalem a também, ainda, inclusive.
Reprobaron a todos los alumnos, aun/también a los que estudian.
Además de no ayudar en nada, aun/también estorba (incomoda) a los demás.

Para esclarecer ou explicar
Es decir/o sea/esto es – equivalem a “isto é”, “ou seja”.
Estas palabras son sinónimas, es decir/o sea/esto es, significan lo mismo.

En otras palabras – equivale a “dito de outra forma”.
Nuestras memorias forman parte de nosotros, en otras palabras, somos resultado de nuestro pasado.

En efecto/de hecho – equivale a “de fato”
Los expertos afirman que la alimentación adecuada favorece la salud. En efecto/de hecho, las personas que se alimentan bien sufren menos enfermedades.

En realidad/en verdad – equivalem a “na verdade”.
Me gustan las películas de miedo, pero en realidad/en verdad prefiero las comedias.

‘Conviene’ ou ‘cabe’ subrayar/resaltar/señalar – equivalem a “convém destacar”.
Por último, cabe subrayar/resaltar/señalar, que hemos hecho muchos progresos.
Conviene señalar que no podemos juzgar sin antes conocer los hechos.

Puesto que - equivale a "já que", "pois", "uma vez que".
Háganme el tratamiento, puesto que no hay otro remedio (Faça-me o tratamento, uma vez que não há outra escolha).
Observação: enquanto em espanhol "puesto que" é locução conjuntiva causal; em português, é concessiva, equivale a "embora", "se bem que", "apesar de". Exemplo: Ele não se decidiu pela carreira artística, posto que tivesse talento.

Para indicar hipóteses
A lo mejor/quizá(s)/ tal vez (separado) – equivalem  a provavelmente, talvez.
Si trabajo bastante, a lo mejor puedo pagar la hipoteca del piso (apartamento).
Si trabajo bastante, tal vez puedo/pueda* pagar la hipoteca del piso.
Si trabajo bastante, quizá(s) puedo/pueda* pagar la hipoteca del piso.
* Observação: ‘A lo mejor’ se usa sempre no modo indicativo, enquanto ‘tal vez’ e ‘quizá(s)’ podem usar-se tanto no indicativo como no subjuntivo.

Para indicar concessão (fato contraditório, mas que não impede a ação de ocorrer)
Aunque – equivale a “embora”, “mesmo que”
Aunque estaba lloviendo, salimos de excursión. (indicativo com fato real)
Sé que no va a ser fácil, pero aunque no lo consiga, quiero intentarlo. (subjuntivo com situação hipotética)

Si bien – “embora”
Ambas formas están correctas, si bien se recomiende emplear la primera.

Para indicar oposição ou contraste
Pero – equivale a “mas”, “porém”.
Entendemos el disgusto de la población, pero no las agresiones.

Sino – equivale a “senão”, “mas”, “mas sim” ou “do contrario”.
No lo hizo Pedro, sino Juan.
No sentí alegría, sino pesadumbre (aflição).
Come, sino (do contrario) te quedarás de castigo.

Também serve para indicar exceção.
Nadie lo sabía sino Antonio. (Ninguém o sabia, a não ser Antônio)
Significa ainda “apenas”, “somente”
No te pido sino comprensión  (Peço apenas compreensão/Não peço outra coisa que compreensão).

Sin embargo – equivale a “no entanto”, “entretanto”, “todavia”, “contudo”
Este resultado, sin embargo, no impide que tengamos esperanza en la victoria.
Nada ha cambiado, sin embargo, todo es diferente.
Es un restaurante poco acogedor, sin embargo, la gente forma colas (filas) para comer allí.

En cambio – equivale a “por outro lado”, “ao contrario”.
A los adultos les gustan los documentarios; a los niños, en cambio, les aburren.
Él estudia inglês; ella, en cambio, francés.
Los españoles toman mucho vino; los brasileños, en cambio, prefieren cerveza.

Pese a/A pesar de (separado) = apesar de
A pesar de sus buenas intenciones, no logró convencer a nadie.
No logró convencer a nadie, pese a sus buenas intenciones.

Para indicar tiempo
Mientras/entretanto (tudo junto) – equivale a “enquanto”
Mientras tenía dinero no le faltaban amigos.
¿Por qué no te duchas mientras preparo el café?
Los padres cenaban en la sala y los niños, entretanto, jugaban en el jardín.

Mientras tanto – equivale a “enquanto isso”
Mientras tanto, los portugueses celebraban la victoria.

Tras – equivale a “após”, “depois de”
Tras mucho buscar por toda la casa, por fin encontró sus llaves.
Tres personas resultaron heridas tras el derrumbe del edificio.

Aún/Todavía – equivalem a “ainda”
Aún/Todavía no hemos terminado los deberes.
Mucha gente aún/todavía no ha leído el Quijote.

En cuanto – equivale a “assim que”, “tão logo”
En cuanto llegue el tren, nos marchamos.

Para indicar consecuencia
Así que/conque/por ende/por tanto (separado) – equivale a “portanto”, “assim sendo”
Ya se resolvió la situación del equipo; así que/conque/por ende/por tanto ahora todos estaremos más tranquilos.

de ahí que – equivale a “por isso”

Gana poco; de ahí que a veces tenga que pedir prestado.

Para indicar meio ou modo
A través de/por medio de/mediante - através de, mediante, por meio de.
¿Es posible aprender un idioma a través de/por medio de/mediante películas?


sexta-feira, 8 de julho de 2016

Boa-nova: Escola de Tradutores


Você sabia que “boa-nova” é o nome vulgar dado a umas pequenas borboletas brancas consideradas mensageiras de boas notícias? Pois hoje estou me sentindo uma “boa-nova”, porque estou aqui para compartilhar uma feliz novidade.

Está aberta a Escola de Tradutores, uma iniciativa que reúne uma equipe de instrutores profissionais formados e com muita experiência de mercado que vão proporcionar uma experiência única de aprendizado teórico e prático.

O grande diferencial é que os cursos são oferecidos na modalidade online, com horários flexíveis, já que a maioria dos cursos presenciais está concentrada em RJ, SP, DF e PR, quem mora em outras regiões sabe da dificuldade de encontrar cursos na área de tradução. Outro diferencial é a inclusão do idioma espanhol, já que a grande maioria dos cursos disponíveis atualmente está voltada para a tradução do inglês. 

A Escola de Tradutores oferece instrumentos teóricos e práticos àqueles que buscam se profissionalizar na área de tradução e revisão, com cursos na área de tradução literária, tradução médica, tradução jurídica, audiodescrição, revisão de textos, Wordfast básico e muito mais!

Na área de tradução de espanhol, estão disponíveis na grade de cursos: 

Precisión lexical y conceptual: el dominio del idioma en la lengua de llegada
”, ministrado por Victor Gonzales, tradutor técnico e literário há mais de 15 anos e editor de vários blogs, entre os quais, “El Heraldo de la Traducción”.
A tradução do espanhol ao português”, com o consagrado tradutor Carlos Nougué, professor de Tradução e de Língua Portuguesa há mais de 10 anos. Tradutor de Filosofia, Teologia e Literatura (do francês, do latim, do espanhol e do inglês). Lexicógrafo e autor da Suma Gramatical da Língua Portuguesa – Geral e Avançada, publicada pela É Realizações Editora. 
Particularmente, adorei toda a grade de cursos, mas confesso que tenho uma predileção pelo curso sobre Tradução Literária, que também será ministrado por Carlos Nougué, que abordará as especificidades da tradução literária comparada às outras áreas da tradução e ensinará técnicas para traduzir prosa literária e poesia.
Enfim, iniciativas assim valorizam nosso trabalho, pois promovem o aprimoramento profissional. Uma excelente notícia para encerrar a semana!

Para mais informações, acesse a página www.escoladetradutores.com.br.
boa-nova in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-07-08 13:08:15]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/boa-nova

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Significado da expressão "abrir un melón"


O melão é uma fruta originária do Oriente e muito apreciada na Espanha. Tanto que juntamente com o tradicional “jamón serrano” constitui uma das especialidades da cozinha típica espanhola: “jamón con melón”, que costuma ser servida nos meses de primavera ou verão. A delicadeza deste prato consiste na combinação do doce do melão com o toque salgado do jamón. Além enriquecer a tradição culinária espanhola, o melão também contribuiu para a criação de diversos idiomatismos.

A expressão ‘Abrir un melón’ é uma metáfora utilizada habitualmente na Espanha para um assunto sobre o qual paira uma grande incerteza. Assim como o aspecto exterior não dá muitas pistas sobre seu estado interior, que pode estar perfeitamente maduro ou prestes a apodrecer, quando utilizamos essa expressão, referimo-nos a algo que está fora de nosso controle.

A variante 'es un melón por abrir' refere-se à dificuldade de saber antecipadamente se algo ou alguém será bom ou não. Suponhamos, por exemplo, que o Barça contrata um novo jogador chamado Manolito, e os jornais publicam a seguinte manchete “Manolito, es un melón por abrir”, significa que ignoramos se será uma boa ou má contratação, se será capaz de se adaptar e de deliciar a torcida com saborosas jogadas. No entanto, se após a primeira temporada de Manolito no renomado time, lermos a manchete “Manolito no cuaja en el Barça”, significa que ele não agradou, ou seja, que sua atuação deixou a desejar.

Ser um melón”, por outro lado, significa ser uma pessoa dotada de pouca inteligência. A palavra “melón” é usada também com o sentido figurado de cabeça, e ainda, na expressão “cabeza de melón”, que seria um cabeça-oca.

Quando o assunto é melão, temos ainda os seguintes refrães:

El casamiento y el melón, por ventura son” ou “El melón y el casamiento han de ser por acertamiento”, mais uma metáfora ligando o melão à incerteza. Acertar na escolha do cônjuge, assim como na escolha de um bom melão, é uma questão de sorte.

En tiempo de melones, cortos son los sermones”, considerando que a colheita dos melões na Espanha se dá numa época muito quente, é recomendável que o predicador seja breve.

Para ver expressões idiomáticas da língua portuguesa com frutas e verduras, clique aqui


www.pinterest.com

Refranero multilingüe del Centro Virtual Cervantes

elpais.es

terça-feira, 5 de julho de 2016

Palavras ou imagens?

Filme "Palavras e Imagens" (Words and Pictures)
"Vale um homem mais do que sua palavra, e uma mulher mais do que sua imagem?" 

Gostaria de recomendar este filme aos leitores do blog, porque propõe um interessante debate sobre o que vale mais: a palavra ou a imagem. Além disso, a história tem como pano de fundo o ambiente escolar e um romance conflitante entre um professor de literatura, Jack Markus (Clive Owen), e uma professora de artes, Dina Delsanto (Juliette Binoche).

Primeiramente, vale dizer que gosto dos filmes de escola (A sociedade dos Poetas Mortos; Escritores da Liberdade; O Sorriso de Monalisa; O clube do Imperador; Como Estrelas na Terra – Taare Zameen Par; Meu Mestre, Minha Vida; Mentes Perigosas, El Estudiante, La Lengua de las Mariposas, etc.) porque já fui professora e também já fui aluna, e considero o ambiente escolar extremamente desafiador e fascinante; a forma como as relações sociais se desenvolvem, a interação entre professores e alunos, o choque de gerações. O desafio de ganhar a confiança da turma e de estabelecer uma relação de parceria e cumplicidade e de conseguir atrair a atenção e o interesse do aluno. As ilusões e as frustrações; enfim, essa relação conflituosa entre professores e alunos próxima à relação entre pais e filhos. Mas vamos ao filme...

Jack Markus é um charmoso e eloquente professor de Língua e Literatura. Quando ainda era muito jovem, publicou um livro que foi muito bem recebido pela crítica e que lhe garantiu a contratação pela escola. Depois disso, não conseguiu publicar mais nada, seu casamento fracassou e tem uma relação conturbada e distante com o filho. Apesar de sua inteligência, age como um idiota e entrega-se ao vício do álcool e a uma patética autodestruição e autocompaixão, que o levam a cometer sucessivos desastres.

Dina Delsanto, por sua vez, é a nova conquista da escola, uma atraente e envolvente professora de artes, famosa pintora que enfrenta um drama pessoal: uma doença que limita progressivamente seus movimentos, e que lhe causa muita dor e sofrimento, pois a impede de fazer aquilo de que ela mais gosta — pintar. Dina é muito exigente, não tem complacência ao analisar o trabalho de seus alunos, ela busca incessantemente a perfeição.  

Após inúmeras saias-justas devidas à adição do professor de Língua e Literatura ao álcool, o diretor o chama para uma conversa e lhe comunica que o conselho, por motivos de economia, deseja fechar a revista literária editada pelo professor. Numa tentativa de salvar a revista e o emprego, Jack Markus propõe que a revista promova um embate “Palavras e Imagens” onde ele desafiará Dina Delsanto e cada um advogará a favor de sua arte.

Está dada a largada para um intenso e apaixonado debate entre o escritor que não consegue escrever e a pintora que não consegue pintar, debate apimentado pelo estranhamento à primeira vista que aos poucos se transforma em atração e admiração.

O ponto alto do filme é esse eterna tendência humana à polarização, à comparação; a contrastar e a opor diametralmente coisas da mesma natureza que se complementam, concentrando-se na divergência, reduzindo tudo a uma visão preconceituosa e superficial das coisas, à mera medição de forças.

É possível sintetizar uma obra como Dom Quixote numa única tela ou é possível alcançar o mesmo efeito e a mesma emoção estética do quadro expressionista O Grito descrevendo-o com mil palavras?

Esse é o xis do filme. Tanto a palavra quanto a imagem já renderam diversos adágios e provérbios ao longo dos tempos:

"Uma imagem vale mais que mil palavras". "Em terra de cego quem tem um olho é rei". "É preciso ver para acreditar". "Para bom entendedor, meia palavra basta". "Palavras, leva-as o vento". "As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade" (Victor Hugo). "E uma vez lançada, a palavra voa irrevogável" (Horácio). "Nenhum espelho reflete melhor a imagem do homem do que suas palavras" (Juan Vives). "La pluma es la lengua del alma; cuales fueren los conceptos que en ella se engendraron, tales serán sus escritos" (Miguel de Cervantes).

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus...” (João 1:1).

Deixo aqui três produções artísticas sobre o tema do retirante nordestino: um fragmento do texto “Morte e Vida Severina” obra-prima de João Cabral de Melo Neto; "Os retirantes" (1944), tela de Cândido Portinari; e por fim, uma produção audiovisual de “Morte e Vida Severina”, adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e movimento aos personagens deste auto de natal pernambucano, publicado originalmente em 1956.

São necessárias palavras para descrever o quadro de Cândido Portinari? 

São necessárias imagens para ilustrar o poema de João Cabral de Melo Neto? 

E quanto à animação audiovisual do cartunista Miguel Falcão, alcançaríamos o mesmo efeito somente com o vídeo ou somente com o áudio?








segunda-feira, 4 de julho de 2016

Traduzir receitas e cardápios

Fonte: http://panypeter.blogspot.com.br/
Simpático blog com receitas ilustradas

Aparentemente traduzir receitas é fácil, afinal, é só traduzir o nome dos ingredientes a forma de preparo e pronto!

— Ah, é?

Apesar de não ser minha especialidade, já traduzi algumas receitas, cardápios e outros textos ligados à nutrição, e pude perceber o quão complexa é essa tarefa, que implica uma série de aspectos, como: a) escolher o estilo de abordagem; b) encontrar a tradução adequada para os nomes de ingredientes regionais; c) identificar e encontrar informação sobre tecnicismos; d) esquivar-se dos falsos amigos ou falsos cognatos; e) considerar as medidas e equivalências; f) usar a criatividade para suprir lacunas em nomes de pratos e receitas; g) considerar o público-alvo da tradução: Estados Unidos, Espanha, América Hispânica?; h) cuidado com as traduções literais; entre outros. Enfim, vamos por partes:

a) escolher o estilo de abordagem;

As receitas culinárias são textos instrucionais, ou seja, descrevem procedimentos para preparar uma iguaria, por isso é fundamental que o texto seja objetivo, claro, sucinto e que não permita ambiguidade. Ao traduzir uma receita para o espanhol, você pode escolher entre: uma abordagem impessoal, utilizando o pronome “se” e o verbo em terceira pessoa (se corta en rodajas, se añade la leche, se deja enfriar, etc.) ou usando o infinitivo (cortar en rodajas, añadir la leche, dejar enfriar, etc.); ou uma abordagem pessoal, com os verbos em primeira pessoa do plural (cortamos en rodajas, añadimos la leche, dejamos enfriar, etc.) ou conjugando os verbos na segunda pessoa do singular do modo imperativo, “” (córtalo en rodajas, añade la leche, deja que se enfríe, etc.), ou ainda, usando o pronome de tratamento “usted” (córtelo en rodajas, añada la leche, deje que se enfríe, etc.). Muitas vezes essa escolha não dependerá do tradutor, mas sim do cliente.

b) encontrar a tradução adequada para os nomes de ingredientes;

Como se diz em espanhol “açaí”, “paçoca de amendoim”, “tapioca”, ou então, como se diz em português "paella", "turrón", "gazpacho", etc.? Quando se trata de comidas típicas ou de ingredientes regionais, a melhor opção é manter o termo original, acompanhado de uma descrição. 

Exemplos: 
açaí”, fruto de una palmera silvestre brasileña del cual se extrae un concentrado de color morado
paçoca de amendoim”, golosina brasileña que se obtiene al amasar harina de cacahuete con azúcar y manteca y que se deshace en la boca; 
tapioca, es la fécula de la yuca, con la cual se suelen hacer unas tortillas planas que se sirven con rellenos dulces o salados
"paella", prato típico espanhol à base de arroz, açafrão e frutos do mar.
"turrón", doce tradicional espanhol em forma de tablete, feito de amêndoas, pinhões, avelãs ou nozes torradas e misturadas com mel e açúcar.
"gazpacho", sopa fria espanhola à base de tomate, pimentão, azeite, vinagre, alho e sal, típica de Andaluzia, região do Sul da Espanha.
Como deu para ver nem sempre é possível descrever uma comida regional com poucas palavras.

Outros ingredientes ou nomes de comidas já são mais conhecidos e até apresentam versões castelhanizadas, como por exemplo, a caipiriña e a picaña.

c) identificar e encontrar informação sobre tecnicismos;

Flambar (flambear, flamear), abafar (tapar), caramelizar (caramelizar, acaramelar), marinar (marinar), cozinhar em banho-maria (cocinar en baño maría), al dente (é uma expressão italiana, não precisa traduzir), ao ponto (al punto), besuntar (untar), branquear (blanquear), calda em ponto de fio (almíbar en punto de hilo), etc. Todos esses termos constituem tecnicismos, isto é, descrevem técnicas, procedimentos e aspectos especializados que fazem toda a diferença e cuja tradução errada pode levar ao fracasso da receita. Também é importante conhecer o nome dos instrumentos utilizados: coador (colador), ralador (rallador), funil (embudo), peneira (tamiz), processador (processador), espremedor (exprimidor), moedor (picadora), pilão (mortero), espátula (espátula), descaroçador (deshuesador), etc. As variedades de arroz, massas, pães, farinhas e temperos, as formas e os pontos de cozimento (jugoso, medio cocido o al punto, bien cocido, etc.). Para encontrar a tradução desse tipo de termos, devemos consultar literatura especializada: glossários e sites da área, livros de receitas, dicionários ilustrados, etc.

Devemos considerar ainda as especificidades da língua-alvo. Por exemplo, no Brasil o termo “fatia” se aplica tanto ao pão de forma quanto ao pepino ou ao rosbife, já na Espanha, temos termos mais específicos para cada um desses produtos, assim, diz-se “una rebanada de pan de molde”, “una rodaja de pepino” e “una loncha de rosbif”.
Também é importante pesquisar os nomes dos cortes das carnes, peixes, aves, etc. A picanha, por exemplo, é um corte de carne típico brasileiro, em espanhol, chama-se “tapa de cuadril”, mas também se usa a versão castelhanizada “picaña”. Na Argentina, aprecia-se muito o “bife de chorizo”, que é um corte tradicional retirado do miolo do contrafilé em fatias grossas de aproximadamente 400 gramas.

d) esquivar-se dos falsos amigos ou falsos cognatos;

Vejamos uma pequena amostra de alguns falsos amigos encontrados no âmbito gastronômico: aliñar (condimentar), bizcocho (bolo simples), tarta na Espanha ou torta na Argentina (bolo recheado ou torta, é complicado!* veja a seguir a explicação detalhada), empanada (pastel), pastel (bolo ou doces de confeiteiro mais elaborados), estofado (refogado), pasta (massa), postre (sobremesa), sobremesa (tempo dedicado à conversa após a refeição), salsa (molho), exquisito (saboroso), pelado (descascado), tapas (petisco), mala (ruim), copa (taça), taza (xícara), vaso (copo), salada (salgada), ensalada (salada), propina (gorjeta), berro (agrião), cacho (pedaço), cubierto (talher), grasa (gordura), remover (mexer), rico (delicioso), etc.

Observação: em espanhol se diz “olla a presión” e não “olla de presión”; observar também os gêneros dos substantivos (o sal, em espanhol, é uma palavra feminina: la sal). 
Gramas, em espanhol, são gramos; e quilos, geralmente se escreve com ‘k’, kilos. Embora, existam as duas formas, com k e com q, recomenda-se usar a forma com ‘k’.

*A discussão sobre “tarta”, “pastel” e “torta” é bastante complicada... basicamente na Espanha se chama “tarta” tanto nosso bolo recheado (ex.: bolo de morango com nata) quanto nossa torta de massa fina assada recheada com creme (ex.: torta de limão). Os bolos mais elaborados ou os doces de confeitaria (ex.: com massa folhada) também podem ser chamados de pasteles. Já na Argentina, Uruguai e Paraguai, a “tarta” chama-se “torta” ; e ospasteles”,masas finas”. No Uruguai e na Argentina também existe a ‘torta frita’ que é uma espécie de panqueca achatada frita polvilhada com açúcar servida para acompanhar o “mate” (chimarrão). Outra diferença é que em Uruguai, Argentina e Paraguai  chama-se “crema de leche” o que os espanhóis chamam “nata”. Assim, o nosso “bolo de morangos com nata” seria “tarta de fresas con nata” na Espanha, e “torta de frutillas con crema” em Argentina, Uruguai e Paraguai. Complicado, não?

e) considerar as medidas e equivalências;

Felizmente hispanófonos e lusófonos usam o mesmo sistema de medidas, mesmo assim, é importante observar a tradução dos utensílios e parâmetros utilizados como medidas: cucharita, cuchara sopera (cucharada), cucharón, taza, vaso, botella, una rama, una pizca, etc.
Um exemplo de medidas que devemos adaptar na tradução de receitas do português ao espanhol são as referências que usamos, se você traduzir literalmente ao espanhol "uma colher de sopa de alho desidratado", ou seja, "una cuchara de sopa de ajo deshidratado", eles vão achar que é para adicionar uma colher de "sopa (caldo) de alho desidratado", porque em espanhol não seu usa essa expressão, mas sim "una cuchara sopera", ou ainda, "una cucharada".

f) usar a criatividade para suprir lacunas em nomes de pratos e receitas;

Como traduzir, por exemplo, “pavê nevado” ao espanhol, sendo que não existe o substantivo “pavê” nem o adjetivo “nevado” para referir-se à cobertura de claras em ponto de neve? Use a criatividade e procure um nome que seja ao mesmo tempo descritivo e apetitoso. Uma vez que você leia a receita e conheça os ingredientes, poderá encontrar uma solução como “Torta helada/Postre de galletas de champaña cubierta con merengue”.

Ou para traduzir nomes de pratos: Ensalada de escarola con ventresca de bonito y romesco (salada de endívia com barriga de atum e romesco); Montadito con chorizo y tortilla española (aperitivo de linguiça defumada, servida sobre torrada e omelete de batatas fritas).

g) considerar o público-alvo da tradução: Estados Unidos, Espanha, América Hispânica?

Ao traduzir para o espanhol é fundamental ter em conta os destinatários do texto-alvo. Vejamos, por exemplo, alguns termos do âmbito culinário que possuem versões diferentes na Espanha e na Argentina. 

Como a culinária é parte inerente da cultura de uma comunidade, também vale a pena informar-se sobre as comidas típicas e os hábitos alimentares dos países em questão, por exemplo, na Espanha é comum o consumo de carne de coelho e frutos do mar, também tem forte influência da culinária árabe, os horários das refeições são diferentes (almoço entre 14 h e 15 h /jantar às 22 h), a culinária argentina tem forte influência italiana e também consome muita carne bovina e, assim como os brasileiros, apreciam o churrasco especialidade da gastronomia gaúcha. O churrasco é temperado com “chimichurri”, um molho bem temperado à base de salsinha, orégano, alho, vinagre, pimenta calabresa, azeite e sal. Esse molho também serve para temperar o “choripán”, linguiça assada servida no meio do pão, etc.

Espanha = Argentina (Brasil).
barbacoa = asado a la parrilla (churrasco);
plátano = banana (banana);
fresa = frutilla (morango);
guisantes = arvejas (ervilhas);
maíz = choclo (milho);
melocotón = durazno (pêssego);
nata = crema de lecha (creme de leite);
piña = ananá (abacaxi);
judías = frijoles, porotos (feijão);
cacahuete = maní (amendoim);
patatas = papas (batatas);
calabaza = zapallo (abóbora);
cruasán ou “croissant” = medialuna (croissant);
refresco = gaseosa (refrigerante);
zumo jugo (suco);
tarta = torta (bolo recheado);
lima = limón (limão); etc.

h) cuidado com as traduções literais.

Nunca é demais lembrar o perigo de traduzir literalmente, palavra por palavra. A “castanha do Pará”, por exemplo, não é “castaña del Pará”, mas “nuez del Brasil”; por outro lado, a “castanha de caju” não é “nuez del caju”, mas “anacardo”. Assim como "cheiro verde" não é "olor verde", mas "perejil". A tradução de "niños envueltos" também não é "crianças embrulhadas", mas "charuto de carne", que pode ser enrolado com folha de repolho, ou parreira, segundo a tradição árabe. "Cupim ao molho madeira", em espanhol, não é "Termita en salsa madera", apesar de a "termita" ter tudo a ver com madeira... O cupim é outro corte de carne tipicamente brasileiro — a corcova do gado zebu —, e poderia ser traduzido como "joroba" ou "giba", mas sugiro deixar "cupim" como referência e acrescentar a descrição.

Deu para ter uma ideia da dificuldade, não? 

domingo, 3 de julho de 2016

Píldoras de español: participios irregulares


No se dice volvido, devolvido, escribido, ponido ni resolvido.

Los participios de los verbos volver, devolver, escribir, poner y resolver son irregulares, y las formas correctas son: vuelto, devuelto, escrito, puesto y resuelto

Ejemplos:

Desde el día de su cumpleaños no he vuelto a verlo.

Aún no me has devuelto el libro que te presté.

¿Ya le has escrito a tus abuelos?

¿Qué ropa se ha puesto de moda este verano?

Ya hemos resuelto el problema con la conexión.

Las píldoras son de español, pero merece la pena recordar que en portugués no se dice trago ni chego, las  formas correctas son "trazido" y "chegado".

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Regionalismos latino-americanos para a expressão "legal"




Para ilustrar os diferentes regionalismos hispano-americanos para o coloquialismo "legal", fiz uma montagem com esses simpáticos bonequinhos e suas vestimentas típicas da série "Trajes del Mundo", que encontrei na rede. Quando falamos de regionalismos e roupas típicas, ou de qualquer elemento cultural de um país, sabemos que são tantas as variedades regionais que é impossível abarcá-las num único modelo. Também não coloquei representantes de todos os países hispano-americanos, porque selecionei os que tinham formas diferentes para a expressão "legal". 

Enfim, certamente ficará muita coisa de fora, mas aqui vai a relação. 

Bacán (Cuba, Perú, Chile)

Bacano (Colombia)

Bárbaro (Argentina, Uruguai)

Buena onda (Argentina, Paraguai)

Chévere (Cuba, Peru, Puerto Rico, Venezuela, Colômbia, Equador)

Chido (México)

Cool (“Qué cool” se usa em vários países latino-americanos)

Copado (Argentina)

Gara (Equador)

Genial, super (Paraguai, Argentina, Uruguai)

Guay (Espanha)

Macanudo (Argentina)

Padre (México)


Origem da palavra chévere:

Como vimos, esse termo é empregado em vários países hispanofalantes, principalmente na região do Caribe. Apesar das várias hipóteses que circulam na internet, a versão mais provável e confiável  afirma que palavra chévere ou chebere é uma voz africana trazida pelos efik, que chegaram a Cuba como escravos e que, posteriormente, na primeira metade do século XIX, em Habana, fundaram uma sociedade secreta chamada Abakua para resistir à escravidão. Essa sociedade era formada por homens africanos que compravam escravos para libertá-los. Eles falavam um idioma secreto, baseado no calabri (de origem nigeriana) que usavam em seus rituais e cerimônias. 

Em sua língua original, o termo significa valente, bravo. Os ‘abakuas’ se organizaram em locais de celebração de sua sociedade secreta chamadas ‘plantes’ em La Habana e em Matanzas. Como parte de sua liturgia, os iniciados participavam de procissões públicas nas cidades de Regla e Guanabaco, não tanto propriamente em La Habana, onde um dos cânticos entonava assim: “Ekue, ekue, sabiaka mokongo ma chebere…”. Esta toada se encontra em gravações baseadas em temas ‘abakua’ gravados em Cuba por Cachao nos anos cinquenta, e posteriormente, por Tito Puente: “Chévere, chévere… mi mulata sí que es chévere”. 

É através da música que palavras como chévere (do ‘efik’) ou ‘ache’ (do ‘yoruba’ ou ‘lucumi’) tão usada por Rolando LaSerie e Celina passam para o vocabulário de todo o Caribe. Para mais informações sobre a sociedade abakua, os interessados podem consultar a obra de Lydia Cabrera (Cabrera, Lydia La sociedad secreta Abakua; narrada por viejos adeptos. Ediciones CR, Havana. 1959, 296p. + 16p. illus).

A 23ª edição do Diccionario de la Lengua Española (RAE) registra o vocábulo da seguinte forma:

chévere

1. adj. Ant., Bol., Col., El Salv., Hond., Pan., Perú y Ven. Estupendo, buenísimo, excelente.
2. adj. Ant., Bol., Ec., Hond., Méx., Pan., Perú y Ven. Primoroso, gracioso, bonito, elegante, agradable.
3. adj. Ant., Col., Pan., Perú y Ven. Benévolo, indulgente. Un profesor chévere. Un examen chévere.
4. adv. Bol., Méx., Pan., Perú, R. Dom. y Ven. magníficamente (‖ muy bien).

k-minos.com

es.wikipedia.org

etimologias.dechile.net

dle.rae.es