terça-feira, 25 de março de 2014

Nomes de animais no sentido figurado



Desde o início dos tempos, a relação do homem com os animais já era muito significativa, tanto que a maioria das representações encontradas nas cavernas é de figuras de animais. Naquele tempo, essa relação era conturbada e selvagem: uma luta pela sobrevivência. O homem caçava os animais para suprir suas necessidades: alimentação, abrigo, vestuário, ornamentos e ferramentas feitas a partir de ossos e dentes.



Com o passar do tempo, homens e animais começaram a se aproximar, alguns achados arqueológicos, revelaram cães enterrados com humanos em posições que sugerem afetividade. Os lobos teriam sido os primeiros animais a serem domesticados, eles se aproximavam mais que os outros animais para alimentar-se das carcaças deixadas pelos humanos, que reconheceram nisso certa utilidade, já que os lobos alertavam para a presença de outros animais selvagens.



Posteriormente, o homem passaria a domesticar e reproduzir animais para garantir sua alimentação, para a carga e o transporte, para elaborar suas vestimentas, etc. Finalmente, pelo simples prazer da companhia e do afeto, os animais passaram a habitar os lares e a fazer parte das famílias como animais de estimação.



Essa intimidade com os animais também se revela na língua, quando seus nomes são empregados em sentido figurado para referir-se às qualidades ou defeitos do homem. Normalmente nas relações de analogia, os nomes de animais são usados no sentido pejorativo.



Vejamos alguns exemplos:



Águia: pessoa inteligente, sagaz.

Anta: pessoa de inteligência limitada.

Asno, burro: pessoa de pouca inteligência.

Baleia: obeso/a.

Cachorro: mau-caráter (apesar de o cachorro ser considerado o melhor amigo do homem, o sentido figurado é de mau-caráter).

Cadela: mulher vulgar.

Cavalo: homem grosso, rude.
Carcará: pessoa ruim, malvada, oportunista.

Cobra: pessoa peçonhenta, de má índole, falsa.
Coruja: protetor, zeloso, que demonstra explicitamente orgulho dos filhos ou de algo que criou.

Égua: mulher rude, descortês.

Galinha: mulher fácil, volúvel.

Galo: indivíduo influente, mandão.  
Gambá: beberrão.

Gato/a: homem ou mulher de boa aparência.
Girafa: pessoa alta.
Lebre: pessoa extremamente rápida.

Leão: corajoso. 
Lince: indivíduo que enxerga muito bem, pessoa inteligente.

Macaco: aquele que imita os outros, que faz caretas e travessuras.

Papagaio: que fala pelos cotovelos.
Pato: indívíduo desengonçado. Tolo, parvo. Jogador ruim [nem sempre!].

Pavão: indivíduo vaidoso, presunçoso.
Perereca: órgão sexual feminino.
Peru: indivíduo vaidoso, afetado. Pessoa que gosta de dar palpites em jogos, observador intrometido. Órgão sexual masculino.

Perua: mulher que se dá ares de elegante, mas que se veste espalhafatosamente.

Porco: que não cuida da higiene, que não se preocupa com a limpeza.

Raposa: pessoa astuta.

Rato: covarde. 
Sapo: pessoa que aparece na festa sem ser convidada, que dá palpite sem ser consultado.
Tartaruga: pessoa extremamente vagarosa.

Touro: forte.

Tubarão: empresário inescrupuloso que só visa o lucro.

Urso: forte.
Urubu: empregado da agência funerária que acompanha os enterros. Indivíduo oportunista que se aproveita da desgraça alheia. Agourento.

Vaca: mulher de vida devassa ou de atitudes desprezíveis.

Veado: homossexual.



É importante saber que, apesar de os nomes de animais e espécies apresentarem uma correspondência organizada de uma língua para outra, o mesmo não ocorre com o sentido figurado, já que as expressões e os significados relacionados aos nomes de animais variam de uma língua para outra. 

Quando dizemos em português que um homem é um “gato” estamos fazendo um elogio, dizendo que ele tem uma bela aparência; porém, em espanhol, se dissermos que um homem é um “gato”, isso pode ter um sentido negativo, já que “gato”, no sentido figurado, significa larápio ou um homem ardiloso, que engana os outros o que em português viria a ser um “gatuno”.  




As expressões idiomáticas relacionadas aos animais também variam de uma língua para outra. Em espanhol, a expressão “ponerse la piel de gallina” designa a reação corporal ao sentir frio, repugnância ou medo; em português, dizemos que ficamos “ouriçados” em referência a outro animal: o ouriço, cujo corpo é coberto de espinhos que se arrepiam para afastar os curiosos. 




Em português, dizemos que alguém é um “pavão” quando é extremamente presunçoso, vaidoso; em espanhol, um “pavo” é um palerma, um bobalhão.



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