segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Objeto direto preposicionado para evitar ambiguidade

Em espanhol, quando o objeto direto é uma pessoa ou um ser animado é sempre preposicionado:

Saludé a mis amigos.

No encuentro a mi gato.

El curso capacitó a una centena de profesionales.

Los profesores conocen bien a sus alumnos.

A ausência ou presença de preposição também muda o significado da mensagem:

Busco una traductora de español (qualquer tradutora de espanhol).

Busco a una traductora de español (uma em particular).

Em estruturas em que o sujeito e o objeto direto são permutáveis e que por isso podem gerar ambiguidade, colocamos a preposição "a" para distinguir o objeto do sujeito.

La virtud vence al vicio.

Em português, também temos casos em que o objeto direto deve, sim, ser precedido de preposição. Um desses casos é para evitar ambiguidade.

Observe as frases abaixo e veja como elas mudam de sentido se retirarmos a preposição:

Ama tua pátria como a teu pai.

No exemplo acima colocamos a preposição depois da conjunção comparativa para esclarecer que o sujeito deve amar sua pátria tanto quanto ama seu pai (aqui o pai é paciente da ação do verbo). Se tirarmos a preposição, estaremos dizendo ao sujeito que ele deve amar sua pátria da mesma forma que o pai a ama (aqui o pai é agente da ação do verbo).

Ele me olhou como a um bicho estranho.

Outra vez para esclarecer uma estrutura comparativa. Se retirarmos a preposição, estarei dizendo que ele me olha do mesmo modo que um bicho estranho me olharia.

Porque eu o conheço melhor que a meu pai.

Também uma construção comparativa. Com a preposição eu o conheço melhor do que conheço meu pai, e sem a preposição, eu o conheço melhor do que meu pai o conhece.

Essa gente que a ninguém escuta.

Aqui colocamos a preposição diante do pronome indefinido para esclarecer que essa gente é o sujeito que não escuta ninguém. Sem a proposição, ninguém seria o sujeito que não escuta essa gente.

É possível saber o desfecho desta luta se dissermos "o gladiador o leão matou"?
Para evitar a ambiguidade em construções sintáticas inversas como no exemplo acima, é preciso colocar a preposição 'a' diante do objeto para distingui-lo do sujeito. Se dissermos "ao gladiador o leão matou", o leão vence; se dissermos "o gladiador ao leão matou", o gladiador vence. 

Da mesma forma, nas frases abaixo a preposição serve para distinguir o objeto do sujeito em frases em que construções sintáticas inversas:

Humilhava o garoto à irmã.

O pai que ao próprio filho não conhece.

Vence o mal ao remédio.

Saudou ao mestre a plateia.

O aluno ao professor desrespeitou.

3 comentários:

  1. No espanhol tem outras preposições que são usadas nestes casos, além do "a"?

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  2. Olá. Eu vi em um site que, quando uma pessoa ou um animal ou objeto personificado aparece como objeto direto em uma oração, o objeto deve ser antecedido pela preposição "a". Porém, eu não consegui entender o conceito de personificação. Você poderia me dar exemplos de frases em que existam animais/objetos personificados para que eu possa ter uma ideia da aplicação dessa regra?

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  3. Olá, tudo bem? Por exemplo, quando se refere a um animal de estimação (Acaricio a mi gata) ou com animais que são personagens (Conozco a Pluto. Don Quijote amaba a Rocinante).

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