segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A morte ou a escravidão



Antes de ser ocupada pelos romanos por volta do ano 200 a.C., a Espanha foi habitada inicialmente pelos iberos provenientes do norte africano e pelos celtas provenientes do centro europeu, esses dois povos acabaram miscigenando-se e deram origem aos celtiberos. A seguir, a Espanha foi ocupada por fenícios, cartagineses, gregos e romanos.

Contrariamente aos fenícios e gregos que apenas aspiravam a novos mercados onde pudessem comercializar seus produtos, os cartagineses e romanos também desejavam a conquista militar e à submissão desses territórios a seu poder.

Influenciados pela situação geográfica que os ligava à África pelo estreito de Gibraltar, os habitantes da Espanha oscilavam entre o espírito de coletividade europeu e o espírito individualista, arrebatador e instintivo do povo africano.

O fato de os habitantes da Espanha possuírem um espírito individualista dificultava a sua dominação pelos estrangeiros, já que o fato de uma cidade ter sido derrotada não obrigava as outras cidades a se submeterem à força estrangeira como ocorria em outras partes do mundo. Assim, o território era conquistado à custa de muito esforço, e ocorria de forma lenta e progressiva, de povoado em povoado e de cidade em cidade.

A Espanha foi palco das guerras púnicas entre cartagineses e romanos e, em mais de uma ocasião, foi motivo para que seus habitantes dessem demonstrações de orgulho e de arrebatamento, preferindo até mesmo a morte antes da submissão ao inimigo. Os casos mais célebres e impressionantes foram os das cidades de Sagunto e Numância.

Sagunto é uma cidade localizada na província de Valencia. A cidade ficou famosa porque no ano 219 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica, foi sitiada por Aníbal. Os saguntinos lutaram energicamente e esperaram em vão pelos reforços romanos, que nunca chegaram. Depois de oito meses de resistência, extenuados e diante da iminente invasão cartagineses, os saguntinos optaram por morrer queimados lançando-se à fogueira para evitarem a escravidão.

Cinco anos depois, os romanos retomaram a cidade que foi repovoada pelos escassos sobreviventes.

Numância foi uma antiga cidade da Península Ibérica, a 7 km do norte de Sória, no povoado de Garray, situada nas margens do Rio Douro.

Fundada no início do século III a.C., e habitada pelos aravecos, um povo Celtíbero, foi destruída pelas tropas romanas de Cipião Emiliano em 133 a.C., após um cerco de onze meses que pôs fim a uma feroz resistência de vinte anos aos invasores. Emiliano, para quebrar a tenaz persistência de Numância, utilizou uma técnica de cruel paciência, construindo um cerco amuralhado em torno da colina de Numância, levando os seus habitantes à inanição e ao desespero. Ao fim de onze meses, os numantinos decidiram pôr cobro à sua vida suicidando-se em massa. O povoado tornou-se então um símbolo da luta contra os romanos e hoje em dia é um monumento nacional espanhol.

As cidades de Sagunto e Numância são exemplo de sacrifício e heroísmo da História Universal.

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